terça-feira, 8 de maio de 2012

“Loucura de sonho naquele silêncio alheio, a nossa vida era toda a vida! E que fresco e feliz horror o de não haver ali ninguém. Nem nós que por ali íamos, ali estávamos. Caem na minha atenção vagos ruídos nítidos e dispersos que enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto. Nosso quarto… Nosso quarto de que dois, se estou sozinho? Não sei…Tudo se funde e só fica, fugindo, uma realidade bruma em que a minha incerteza se sobra e o meu compreender, embalado de ópios, adormece.” 


Fernando Pessoa



sábado, 5 de maio de 2012

novos sabores

Diz o ditado português "Mudam-se os tempos, Mudam-se as vontades".
Por aqui o tempo é o mesmo, com a excepção de ser conjugado no presente. 
Por vezes ainda caí um pouco de nós. 
Re-li este blog e recordo cada palavra que escrevi que quase chego a saborear da ferida. 
A vontade agora é reescrevê-lo, sem apagar nada do que fui, sem errar em nada do que errei. 
Hoje posso dizer que comprei fermento para escrever novas palavras, porque bem, a vontade é que elas cresçam e um dia, vou escrever um livro e dedicar-te o prefácio. 

sábado, 13 de agosto de 2011

o amor é como um arroto

cuspi-o aos bocados.
procurei o vómito que te prendia dentro de mim. 
foste teimoso. 
e eu nunca gostei de vomitar. 

terça-feira, 19 de abril de 2011


a unica ajuda que era bem vinda da tua parte, era desapareceres por breves instantes. até eu sentir que sou capaz sem ti, que não me trazes nada de bom, sem ser esta saudade inocente que imponho a mim propria. 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sentou-se junto à lareira com o cesto de verga onde guardava aquela história de há anos para cá.
Retirou a primeira fotografia, marcada no inverso com uma nota: A primeira de muitas.
Lá estavam aqueles olhos enormes de quem tinha o mundo na mão, de quem não precisava de mais nada, apenas daquele outro olhar.
Chorou.
Retirou outra fotografia e depois mais outra.
Chorou.
Bebeu o copo de vinho aguado pelas lágrimas que escorreram para dentro dele.
Pegou numa das muitas fotografias que estavam já espalhadas à sua volta e escolheu uma, dizia no verso: Eu estarei lá quando tu tiveres que olhar para trás.
Ele mentiu-lhe.
Ela acreditou mas nunca olhou para não se magoar.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

all that sensations

geralmente observo em mim uma inquietação constante e uma necessidade de escoar cá para fora tudo o que corre cá dentro. mas ultimamente não, observo em mim uma ansiedade que me deixa feliz, que me torna irrequieta, que me atormenta de noite e de dia mas como um bom tormento, como se tudo o que corresse cá dentro agora tivesse um sitio certo para onde ir. O escoamento é orgânico mas desta vez são mais os nutrientes do que a cebola brava que me faz chorar.

sinto-me bem mas não quero pensar muito sobre isso, sabe melhor quando me perco e me deixo ir. muitas mãos me ajudam mas desta vez, a minha também tem força para se deixar ir.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

hard.candy

estranhas formas de perdoar.
estranhas formas de sentir. 

como é acordar e ver que o sonho já não mora dentro de nós? que o que ficou foi a recordação? 
a doce melancolia com o travo a café queimado.